3 de set. de 2013

Não me chame pra sair

"Aqui no Brasil, é comum de conhecer alguém, bater um papo,  falar "a gente se vê, vamos combinar tá?", e nem trocar telefone."

O Diário de Oliver

   Este foi um dos tópicos da lista do diário-de-observações do francês Oliver que mudou-se para o Brasil e, há pouco mais de 6 meses, tem descrito em seu blog as divergências culturais -que ele mesmo pode perceber- existentes entre sua pátria mãe e o nosso país.
  As anotações sambam em volta de pequenos detalhes, e diria até que apenas seriam perceptíveis ao estrangeiro ou  sob uma análise Freudiana, entretanto  dentre os 65 comentários, o que reescrevi é o que mais me incomoda.
   Acontece que posso combinar de ir com qualquer pessoa para Orlando, Miami e Grécia no próximo fim de semana- daí ir... enredo para os próximos talvez capítulos. E não se trata somente da minha condição financeira-estudante-mendiga mas, e principalmente da questão de que o nosso "marcar" (este código para = nunca) não esta fundamentando apenas em um "jeito de falar", mas reflete claramente a fragilidade e hipocrisia com que temos tratado as nossas relações.



    Quem nunca disse a bendita da frase que me atire um livro novo, mas é de se auto-questionar por que a preciosidade do nosso tempo vem sendo gasta com tanta tredice e futilidade quando poderíamos simplesmente não mais prolongar a  saudade que sentimos de pessoas que nos fazem bem e gastar vida reencontrando concretamente amigos queridos.
     A rotina, claro, nos mastiga e faz  digestão com direito a gases se colocarmos em pauta a quantidade de responsabilidades a que nos é cometida diariamente. O tempo fica comprimido. Mas se não vai, não diga que vai; se estiver mesmo com saudade, não marca, aparece em carne osso.
   E é assim que é gostoso: saborear a vida podendo findar o conceito obrigatório de efemeridade sobre as relações- nós fechamos ciclos mas pessoas especiais são insubstituíveis. E não devem ficar presentes apenas em memória
     A atitude vale para ambas as partes e também para os sonhos.Espero que depois desta minha pequena apreciação nós passemos a refletir sobre o que é realmente necessário em nossa miseravelmente curta vida: marcar ou ir.




Um comentário:

  1. Forte é a pessoa que deixa o blabla bla de lado e toma uma atitude,fezendo da mesma um ser mas decidido e confiavel..por isso sou mas de ir!! E pouco de marcar!!! Forte abraço Manu...

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