9 de jul. de 2013

Traga de casa


Na quinta série (sexto ano), a última questão da minha prova de Educação Artística trazia uma questão solicitando uma proposta que conscientizasse jovens por sobre a depredação de patrimônios públicos/ privados por meio da pichação. Com 10 anos de idade, achei a proposição algo tão absurdo que deixei sem nenhuma resposta; “Como assim, ensinar algo sobre o qual as pessoas simplesmente deveriam saber?” lembro-me da ocorrência deste pensamento hoje, sete anos depois, tão claramente quanto a minha última refeição.

Participei de várias manifestações reivindicando melhorias nas condições de infraestrutura das escolas e maior comprometimento dos profissionais da área orientacional. Sim, melhorias das condições físicas escolares e mais atenção por parte governamental, das direções e dos professores- porque educação agente traz de casa. É como dormir na casa do colega: o mínimo de bom senso alerta para o fato de que a toalha de banho e a escova de dente ficam por nossa conta.

E assim, quase que uma década-pós-ginásio eu encontro resposta para uma questão de infância. É que depois de muito observar as solicitações dos ativistas, em meio a esta onda de protestos, pude perceber que o anseio por melhores condições na área da educação ultrapassa as capacidades e condições reais a qual o profissional de ensino esta condicionado a lhe dar diariamente. A educação básica, aquela em que “enquanto um fala, o outro para pra escutar” vêm sido tida, mais que equivocadamente, como parte da responsabilidade dos nossos facilitadores- e é ai que partimos não só para a questão dos princípios culturais, mas também éticos sobre a qual o alicerce dos nossos valores vem se edificando.

Aposto minha alfabetização que daqui a alguns anos perante um reencontro com amigos do colegial, não será incomum ouvir a clichê “nossa educação foi muito defasada”- todo ex-aluno que se preze e que passou por um colégio publico no Brasil tem isto em seu âmago, eu tenho! Mas 80% dos que dirão esta frase, ao menos puderam parar sequer um dos 200 dias letivos para ao menos dar ao professor um granulo de respeito; este, em seus preciosos 45m de aula, tentava passar desesperadamente aos seus in.telespectadores aquela técnica para solucionar uma função logarítmica. A priore, não dava pra pegar ninguém ou ganhar dinheiro com aquilo, dai um ano depois caiu na prova de Calculo I no primeiro semestre do curso da faculdade. O docente sempre sobra.

Felizmente, temos um filtro  do que é necessário manter em nossas vidas e nem tudo que nos é ensinado no colégio parece realmente proveitoso na prática, ainda sim o “extracurricular” absorvido em âmbito escolar é prazeroso, único. Mas se colégio, universidade, extensão... prepara-se diretamente pessoas para vida, o seio familiar perderia sua essência deixando de ser o responsável pelo patrocínio das regras básicas de convivência- e isto pesa drasticamente em sala de aula, pois quando o mentor se torna o “responsável” por ensinar aos seus alunos de segundo grau que é necessário respeitar os mais velhos, já se perdeu há muito o acatamento ao idoso- talvez algo que o jovem nunca tenha possuído de fato.


Misturam-se os papeis, desfiguram-se os padrões, e como responder a isto? Como ensinar aos pais das nossas/ futuras gerações, que a educação propriamente dita, se traz de casa? Deixo dolorosamente a resposta para as próximas filiações, ou quiça geremos a solução neste clima de metamorfose e reflexão nacional. Dai, talvez quem sabe, eu não tenha que esperar por uma resposta mais sete ou dez anos.





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