Na quinta série (sexto ano), a última
questão da minha prova de Educação Artística trazia uma questão solicitando uma
proposta que conscientizasse jovens por sobre a depredação de patrimônios públicos/
privados por meio da pichação. Com 10 anos de idade, achei a proposição algo
tão absurdo que deixei sem nenhuma resposta; “Como assim, ensinar algo sobre o
qual as pessoas simplesmente deveriam saber?” lembro-me da ocorrência deste pensamento
hoje, sete anos depois, tão claramente quanto a minha última refeição.
Participei de várias manifestações
reivindicando melhorias nas condições de infraestrutura das escolas e maior
comprometimento dos profissionais da área orientacional. Sim, melhorias das
condições físicas escolares e mais atenção por parte governamental, das
direções e dos professores- porque educação agente traz de casa. É como dormir
na casa do colega: o mínimo de bom senso alerta para o fato de que a toalha de
banho e a escova de dente ficam por nossa conta.
E assim, quase que uma
década-pós-ginásio eu encontro resposta para uma questão de infância. É que depois
de muito observar as solicitações dos ativistas, em meio a esta onda de
protestos, pude perceber que o anseio por melhores condições na área da educação ultrapassa as capacidades e
condições reais a qual o profissional de ensino esta condicionado a lhe dar
diariamente. A educação básica, aquela em que “enquanto um fala, o outro para
pra escutar” vêm sido tida, mais que equivocadamente, como parte da responsabilidade
dos nossos facilitadores- e é ai que partimos não só para a questão dos princípios
culturais, mas também éticos sobre a qual o alicerce dos nossos valores vem se edificando.
Aposto minha alfabetização que
daqui a alguns anos perante um reencontro com amigos do colegial, não será
incomum ouvir a clichê “nossa educação foi muito defasada”- todo ex-aluno que
se preze e que passou por um colégio publico no Brasil tem isto em seu âmago,
eu tenho! Mas 80% dos que dirão esta frase, ao menos puderam parar sequer um
dos 200 dias letivos para ao menos dar ao professor um granulo de respeito; este,
em seus preciosos 45m de aula, tentava passar desesperadamente aos seus in.telespectadores
aquela técnica para solucionar uma função logarítmica. A priore, não dava pra pegar
ninguém ou ganhar dinheiro com aquilo, dai um ano depois caiu na prova de
Calculo I no primeiro semestre do curso da faculdade. O docente sempre sobra.
Felizmente, temos um filtro do que é necessário manter em nossas vidas e
nem tudo que nos é ensinado no colégio parece realmente proveitoso na prática,
ainda sim o “extracurricular” absorvido em âmbito escolar é prazeroso, único.
Mas se colégio, universidade, extensão... prepara-se diretamente pessoas para
vida, o seio familiar perderia sua essência deixando de ser o responsável pelo
patrocínio das regras básicas de convivência- e isto pesa drasticamente em sala
de aula, pois quando o mentor se torna o “responsável” por ensinar aos seus alunos
de segundo grau que é necessário respeitar os mais velhos, já se perdeu há
muito o acatamento ao idoso- talvez algo que o jovem nunca tenha possuído de fato.
Misturam-se os papeis,
desfiguram-se os padrões, e como responder a isto? Como ensinar aos pais das
nossas/ futuras gerações, que a educação propriamente dita, se traz de casa? Deixo
dolorosamente a resposta para as próximas filiações, ou quiça geremos a solução
neste clima de metamorfose e reflexão nacional. Dai, talvez quem sabe, eu não
tenha que esperar por uma resposta mais sete ou dez anos.
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